21 de março de 2011

Portugal ontem e hoje

Gerês, 16 de Julho de 1977

Em vez de me perder, como outrora, pela serra, a encher os olhos da única realidade que hoje vale a pena em Portugal, a paisagem, passo as horas sentado em frente da rádio e da televisão, na ânsia de uma notícia de esperança. Tal é o meu desespero. Mas vêm palavras. As mais levianas, demagógicas e tolas que se podem ouvir. Os nossos políticos andam ao desafio. Cada qual quer ser mais irresponsável do que o parceiro. E consegue-o sempre.
(Miguel Torga em Diário XIII)
Parei ao ler esta página. Reli. 1977? Não poderia ser 2011? Sim. Descreve perfeitamente a situação actual. Só temos menos paisagens. No lugar de muitas delas - grandes alamedas de betão armado.

12 de fevereiro de 2011

Em jeito de regresso

Olá, Amigos

Estou de volta. Achei que nunca faria uma pausa deste meu refúgio, mas o tempo torna-se nosso inimigo quando temos de correr contra ele - e nós dois travamos intensas batalhas no último ano. Não sei se algum de nós saiu vencedor... eu senti-me cansada, mas não lhe dei tréguas e não parei e, tendo em conta que continuo firme, não o vejo vencedor. Sei, no entanto, que ele continua determinado em derrubar-me...
Não vim escrever durante uns intensos e apressados meses mas vivi no meio das palavras: esmiucei-as, interpretei-as, usei-as e abusei delas, olhei-as profundamente, numa relação quase doentia e febril. Produzi um conto de ficção científica, uma peça de teatro, um guião cinematográfico e sinopses, escrevi ensaios e fiz muitos trabalhos de investigação que me deram muito prazer e preencheram até algumas lacunas científicas que eu começava a sentir. O "último" dos trabalhos terminou numa publicação (em co-autoria)na revista Diacrítica, dossier literatura comparada 2010.
Agora estou a desenvolver o meu projecto de mestrado, que consiste na recolha de lendas e contos tradicionais de um meio rural específico e o trabalho paralelo com alunos do 3.º ciclo, que farão recolha e trabalhos de (re)escrita partindo deles.
Sigo com muito trabalho e dificuldade em conciliar tudo com a minha rotina diária, já por si demasiado intensa, mas com determinação.
Vou tentar andar por cá: escrever e ler-vos a todos, pois senti falta do meu trajecto quase diário pelos vossos blogues.
Até sempre.