Sete dias para a Eternidade de Marc Levy. A insuperável força do amor mostrada até ao extremo. Não resisto a deixar aqui um excerto do livro. Trata-se de uma carta de amor que o demónio(Lucas) escreve ao anjo (Zofia).
“o acaso é a forma que Deus tem de passar despercebido” Jean Cocteau
Deus e Lúcifer num braço-de-ferro final.
O mais angélico dos anjos e o mais demoníaco dos demónios são postos em cena para o derradeiro desafio.
Em apenas sete dias, joga-se o destino da humanidade.
Mas nem Deus nem Lúcifer poderiam prever o que resultaria de um encontro entre um anjo e um demónio…
O livro está carregado de simbologia, que encontramos a cada parágrafo que lemos. Na minha opinião, vale cada minuto que lhe dedicamos. Espero que o excerto vos desperte a curiosidade e, se assim for, boa leitura.
Zofia,
Vejo-te a dormir e, Deus, como tu és bela! Voltas-te nesta última noite a tremer, aperto-te de encontro a mim, coloco o meu casaco por cima de ti, desejaria poder colocar um sobre todos os teus invernos. O teu semblante está tranquilo, acaricio a tua face e, pela primeira vez na minha existência, estou triste e feliz ao mesmo tempo.
É o fim do nosso momento, o princípio de uma recordação que, para mim, durará pela eternidade. Havia em cada um de nós tanto de realizado e tanto de inacabado quando estávamos juntos!
Partirei ao romper do dia, afastar-me-ei passo a passo, para aproveitar ainda cada segundo de ti, até ao último instante. Desaparecerei atrás desta árvore para me submeter à razão do pior. deixando-os abater-me, anunciaremos a vitória dos teus e eles perdoar-te-ão, sejam quais forem as ofensas. Volta, meu amor, volta a essa casa que é a tua e que tem tudo a ver contigo. Gostaria de tocar as paredes da tua morada com cheiro a sal, ver das tuas janelas as manhãs romperem em horizontes que não conheço, mas que sei que são os teus. Conseguiste o impossível, mudaste uma parte de mim. Desejaria que a partir de agora o teu corpo me cobrisse e nunca mais visse a luz do mundo a não ser pelo prisma dos teus olhos.
Onde tu não existes, eu não existo. As nossas mãos juntas inventavam uma de dez dedos; a tua ao pousar em mim passava a ser minha, de tal modo que quando os teus olhos se fechavam, eu adormecia.
Não fiques triste, ninguém poderá roubar as nossas recordações. Daqui em diante, basta-me cerrar as pálpebras para te ver, deixar de respirar para sentir o teu cheiro, enfrentar o vento para adivinhar o teu hálito. Agora escuta: onde quer que esteja, ouvirei as tuas gargalhadas, verei os sorrisos nos teus olhos, ouvirei os sons da tua voz. Saber simplesmente que tu estás nalgum sítio nesta terra será, no meu inferno, o meu cantinho de paraíso.
És o meu Bachert,
Amo-te
Lucas