21 de abril de 2008

Orhan Pamuk

Já há algum tempo que não deixo um post sobre um livro que tenha lido. Hoje resolvi fazê-lo para vos deixar umas linhas sobre Os jardins da Memória de Orhan Pamuk.

Parecia interminável esta leitura. Muito por falta de tempo, mas também pelas densas páginas que compõem a obra - a mistura do presente com o passado, a decadência das tradições perante a novidade, a angústia evidente perante a perda da identidade e a sua incessante busca... os jardins da memória de onde brotam ideias, desabafos, histórias... a "denúncia" da perda da identidade do povo turco que se vai entregando à ocidentalização. Cada parágrafo enche-nos da história da Turquia. Invadem-nos os cheiros da cidade de Istambul, a escuridão dos subterrâneos, o odor dos poços, a água do Bósforo, os crimes, a degradação da alma, a perda do próprio "eu" que é inevitavelmente transformado em um "outro", o peso da negatividade da mudança nas mentalidades de um povo que perdeu o seu orgulho nacional em "salas de cinema".
É como enveredar por uma floresta desconhecida - uma vez dados os primeiros passos, não queremos regressar por receio de perder os seus mistérios. Vale a pena ler.
Boas leituras e boa semana.