23 de novembro de 2009

Vassalagem

Vassalagem...
Curvo-me perante ti quando me foges
Imploro que prolongues os momentos
Desatino numa angústia dolorosa
Quando me cais das mãos como areia fina.

Permanece e deixa-me acabar as frases...
Que cruel tens sido para mim, Tempo fugidio...
E eu - vassala das tuas horas apressadas.

3 de outubro de 2009

Novidades apenas

Olá a todos os que têm passado por cá, apesar de eu ter andado ausente.

Arranco este mês com mais um projecto de vida - um Mestrado em Mediação Cultural e Literária na área de especialização de Cinema e Literatura. Como acontece com qualquer trabalhador-estudante, os meus dias irão ser uma luta contra o tempo, mas não deixarei de passar por cá, certamente com mais momentos da alma para pintar, mais motivos para colorir os meus textos, onde espero poder reflectir novas aprendizagens.
Bom fim de semana.

11 de julho de 2009

Estado d'alma

No anseio da loucura de minh'alma
Na berma da estrada prometida
Rumando ao horizonte a incerta vida
A insensatez afugentou a calma.

Sem querer perder da vida o sorvedouro
Ou do poeta a musa que o inspira
Os passos desta alma que delira
vagaram noite adentro...luz de ouro.

E lá ao longe que nunca é aqui
Insatisfeita sempre e à procura
Porque esta alma feita de loucura
Entende que não tenho o que perdi.

E permanece a ânsia de viver
No porto onde o sonho é real
Nas asas de um poema imortal
A rima desta alma vou escrever.

1 de junho de 2009

Até onde a alma me levar I


Um casebre ao longe numa ladeira, junto à árvore mais alta. Quando o olhar conquista as duas janelas circulares e o aroma me invade levando-me os sentidos ao seu interior, reconheço-me ali. Avalio a passagem até ao casebre... não está longe. Um murmúrio de água que se adivinha suavemente cristalina percorre-me a alma e alivia-me o cansaço. Mas não a vejo, apenas a aragem fresca e o som suave denunciam a sua presença. Avanço um pouco mais com a certeza de que me encontro ali. A vegetação densa e a variedade de cores com que pintaram o espaço à volta fascinam-me. Pergunto-me quem deixaria ali aquele tom violeta envolvido no laranja suave. Todas as cores no seu conjunto me encantam, mas o tom violeta irrompe pelo espírito e percorre a poesia da alma, até atingir uma rima perfeita. Um passo mais e o casebre tem agora os seus contornos definidos. Pequeno e acolhedor, protegido pela madeira escura que lhe dá vida. As pedras da ladeira indicam o caminho, impelindo-nos até ao espaço pleno que o envolve. Também há rosas e lembro-me do jardim de Adónis e, subitamente, desejo viver o momento. Vivê-lo para o perpetuar. Mas apercebo-me que desconheço o que me espera - o interior misterioso do casebre. Nunca parei mediante um mistério pelo medo de perder os seus ensinamentos. Fechei os olhos por um breve momento, inspirei o aroma a terra e flores e a frescura do pequeno curso de água que estava agora mais próximo fez levitar a alma. Avistei ao longe cavalos, donzelas e cavaleiros... viajei no tempo e regressei hipnotizada pelo canto das aves que sobrevoavam o casebre, que parecia agora bem mais amplo. Apercebo-me então que estou junto à porta. Uma porta imponente num casebre pequeno. O mistério adensa-se mediante a descoberta da porta, que, aparentemente, é como uma muralha que ninguém derruba. Penso que uma tempestade não ouse aproximar-se ou que um batalhão não ouse enfrentá-la. Mas o que lhe dá toda esta força? Descubro que é o desconhecido que ela protege. A porta é uma porta apenas... o que está para além dela ninguém sabe. Mas eu sinto-me, nesse momento, determinada a descobrir. Sinto que o encanto do momento desvanecerá se não a abrir. E fico ali a a olhá-la pensando que se não avanço, poderei não viver e receando que a descoberta do que está além dela me desiluda. Mas se há uma porta num casebre pequeno e acolhedor, numa ladeira onde também existem rosas, deve ser certamente para que a possamos abrir...


13 de abril de 2009

impacto

Nas asas do vento - me ausento.
Nas sombras do céu - sou eu.
Na vida, a água que corre - me move.
Na mão que seguro - me empurro.
No azul do mar - pairar.
Na ânsia, que na alma levo - o meu medo.
No barco que avisto - persisto.
No além que me dás - a paz.

No sonho que tenho... um abrigo de corais e a lua que me contempla como quem pinta uma tela.
... búzios ao longe...

18 de março de 2009

O meu menino fantástico



Conhecem aquela sensação de que fomos presenteados com alguma coisa tão fantástica que quase chega a ser inacreditável?! Pois, é assim que me tenho sentido relativamente ao meu melhor tesouro - o meu filho. Se bem me conheço encheria este blogue se aqui tivesse vindo para tecer elogios ao pequeno que delira com vulcões e gosta de música clássica, ao mesmo tempo que adora sujar-se com terra e jogar à bola.

Hoje, vou apresentar-vos o início de um pequeno projecto do meu filho - um blogue. Dirão que "quem sai aos seus, não degenera". E é verdade. Gosta de chutos na bola, como o pai, e gosta de ler e escrever, como a mãe. Será um blogue para crianças e para pais que gostem de se envolver com os filhos. Será um espaço de adivinhas, passatempos, partilha de experiências e textos sobre o mundo "Grande" visto pelos pequenos. Vamos fazer com que resulte em mais momentos de leitura e escrita criativa por parte dos pequenos, que irão respondendo aos desafios do Diogo.

25 de fevereiro de 2009


Estou na vida como num carrossel.
Subidas loucas, desconforto, ruído...
Vislumbre do mundo abaixo que abandono por momentos.
Num segundo, tudo parece inexistente.
Descidas abruptas que me levam à inevitável indisposição
Agonia, desagradável sensação, palpitações...
E a emoção com que agarro todas as sensações estranhas,
As pessoas que no olhar reflectem o mesmo desejo de estar ali e noutro lugar.
Indisposta ainda...
Os minutos passam por mim, desespero...
E as amarras que não largo, que não me largam...
E quando nada vejo, avisto o vazio...
Invade-me a vontade louca de estar na quietude de um silêncio que não sei se existe.
Estou na vida... num carrossel... um corropio...
Desejo sublime de estar ausente e saber regressar.
Mas ainda estou no carrossel.

9 de fevereiro de 2009

Ao sabor da corrente


Viver?

Ao sabor da corrente.

Ora lutamos porque a direcção que pretendemos é outra; ora disfrutamos da ondulação e saboreamos o movimento; ora nos deixamos seguir, embalados pelo som, aceitando o destino a que ela nos conduz; ora seguimos, angustiados, dominados pelo cansaço por não termos força ou determinação que nos faça aguentar firmes e remar contra a maré.

Como a corrente é forte ás vezes!... fria muitas outras... mas como o mar tem sempre aquela beleza inegável, mesmo em dias de tempestade...
Boa semana e que a maré vos seja sempre favorável.

26 de janeiro de 2009

Estive ausente, apenas aparentemente.
Entretanto, estive com a família, a vida presenteou-me com mais um daqueles jantares fantásticos de Amigas (terapias de riso, partilha de problemas e opiniões, comidinha boa e, claro, como tem acontecido sempre - temporal!! Mas quem se assusta com uma noite daquelas??? Nós não! eheh).
Entretanto, também passou mais uma etapa na minha vida - mais um ano a contar desde o dia em que nasci (25-01-73). Percebi que toda a vida fui privilegiada com saúde, amigos, família. Percebi que tenho aproveitado algumas auroras e alguns poentes e que isso não basta - preciso de viver todas as auroras e respirar todos os poentes. Cada ano que passa, comprometo-me a viver mais intensamente e melhor. Não sei viver sem objectivos, por receio de me desorientar a meio da caminhada e perder tempo com a escolha do melhor caminho. Também é certo que já o perdi por várias vezes... Tenho tido dúvidas, incertezas, vazios... Tenho procurado clareza para as minhas atitudes, respostas para as minhas incertezas e música para os meus vazios. Nem sempre é fácil... Mas aí está a vida que, de repente, numa palavra, num gesto, num som, me mostra que sou de facto privilegiada.
Entretanto, também terminei mais um livro - The Kite Runners (O menino de Cabul). Mais uma leitura que me fascinou pela força das palavras que a cada passo nos vai forçando a segurar uma lágrima. Khaled Hosseini prendeu-me à sua obra; mostrou-me, à semelhança do que havia acontecido com A Thousand Splendid Suns, o retrato de um mundo bem real onde acontecem histórias de pessoas que amam, que sofrem, que lutam... E eu questiono-me: se é um livro tão triste, porque gosto tanto de o ler??? Porque é um livro fantástico que vale mesmo a pena.
Fica a sugestão.
Um obrigada a quem passou por cá e reparou nesta minha ausência. Um beijinho especial para a Marlene Maravilha- quero dizer-te que continuo por cá.