6 de dezembro de 2005

Ola Pai Natal


Pai Natal,
durante tantos anos esperei sempre que me ouvisses, mas nunca me trouxeste a bicicleta (que acabei por comprar muitos anos depois do pedido), então começo a questionar-me por que será que não me ouves, uma vez que eu até tenho feito os trabalhinhos de casa e tenho tido um comportamento satisfatório (para não dizer excelente, que não quero parecer convencida). Tenho três teorias para o que tem vindo a acontecer contigo. Primeira: O teu governo é semelhante ao nosso e o vosso "Sócrates" anda a fazer cortes orçamentais na fábrica das prendas; Segunda: O problema começa no chefe de governo, mas já está tudo viciado e só recebe prendas quem tem boas "cunhas" (eu sou da família Correia); Terceira: Até és bem fixe, muito justo e cheio de boa-vontade, só que a idade e o frio do Pólo Norte prejudicam-te os ouvidos. Se for esta última teoria a que está correcta, então espero que ainda vejas bem e consigas ler esta minha carta. E não penses que já não tenho idade para te escrever, pois quem escreve é a criança que ainda existe dentro de mim e que nunca se esqueceu da bicicleta.
Perdoo-te todos as faltas do passado se atenderes este meu pedido:
Pai Natal, eu gostava que no teu saco coubesse:
- paz para o mundo - claro!
- melhores líderes governamentais (até podem trazer com eles as suas Monicas Lewinskys, desde que governem bem);
- melhores professores de gestão e economia para ensinarem estes ministros a fazerem bem as suas contas e a distribuirem bem o nosso dinheirinho (é que ele custa a ganhar);
- ministros de educação com o mínimo de conhecimento de causa e, de preferência, que já tenham sido professores contratados, em mini-concursos, e que saibam o que custa ficar à espera;
- saúde para todos, principalmente para os que não podem frequentar clínicas privadas;
- eliminadores de espécies indesejáveis, que eliminem logo à nascença pedófilos e outras espécies que não têm funções úteis na sociedade;
- uns binóculos de longo alcance para o Sócrates, para que ele possa chegar ali ao Parque Nacional da Peneda-Gerês e possa pôr os olhos em Espanha.
Bem, claro que há ainda imenso que eu gostava de receber. Peço-te apenas o que me parece quase impossível de obter e tudo o que me falta eu vou tentar arranjar sem te chatear. Se me trouxeres nesse saco o que te pedi, já te fico muito grata e para o ano estaremos todos melhor. Vais ver que até recebes menos pedidos. É que nós sabemos que também não podemos ter tudo.
Obrigada, Pai Natal.
Assinado: Portuguesa em vias de perder o orgulho nacional.

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