28 de dezembro de 2007

2008

Mais um ano que passou por nós.
A angústia deixou marcados os seus passos;
O desafio pintou de cores novas os obstáculos;
A esperança tomou o poder e fez levitar certas dores.

Hoje, revejo as pontes que atravessei,
os rios que vi fluir,
as mãos que segurei,
as mãos que me seguraram,
os sorrisos que partilhei,
os orvalhos que vi nas manhãs que acordei,
as graças que dei por cada dia.

Os anos passam,
o tempo voa,
para que tenhamos a consciência da sua brevidade e aproveitemos.

Em cada segundo que passa,
agradeço pelas pessoas que povoam o meu mundo,
que partilham comigo os seus sonhos, os desencantos, a vida...
Por cada estrela,
por cada dia de sol,
por cada noite em que a chuva me embala,
por cada amigo que sempre está ao meu lado...
Vale a pena ver este tempo a passar!!!

E vale por cada pedacinho de partilha na blogosfera.
A todos os amigos que eu não conheço pessoalmente mas que comigo têm partilhado palavras, versos, expressões de sentimento, loucuras, parvoíces, e assuntos sérios que merecem a atenção de todos, um abraço e um obrigada por estarem aí.

O milagre que eu queria para 2008 era o milagre da paz, mas para isso, o mundo inteirinho teria de o querer também, e, infelizmente, há muito quem não o deseje.

Mas que cada dia de 2008 possa ser um milagre nas nossas vidas, um milagre de paz interior, de encanto, de sorrisos, de Amor.

Feliz 2008 para todos!!!!!

18 de dezembro de 2007

Joaquin Cortés

Quem não conhece já o bailarino espanhol que encanta quem o vê dançar???

Espectáculo de luzes, som, representação e dança.
Em Guimarães, Cortés Dançou e encantou! Como alías acontece por todos os sítios onde dá espectáculos.
Dentro do espectáculo, há sempre pequenos espectáculos, dos quais registo o beijo desenfreado que a minha amiga Cristina conseguiu dar na mão do Cortés (Cris, era suposto teres ido tirar uma foto, não beijá-lo!!) e o sacrifício que foi tirar de lá a minha amiga Lili, que queria a qualquer custo vê-lo sair e tirar uma foto com ele. Bem, com a polícia já dentro do pavilhão não houve outro remédio senão sair sem o ver. Pelas ruas geladas de Guimarães, a noite foi divertidíssima, continuamos umas doidas e adoro as nossas gargalhadas genuínas. É por isto, e muito mais, que estas nossas noites nunca podem deixar de existir. Obrigada às minhas amigas por mais um momento destes. Adoro-vos!!!!!!!!!!!!!!
Para ti, minha doce Anabela, um beijo muito especial. Não tivemos a sorte da tua presença, mas estiveste no nosso coração, e muitas oportunidades virão para repetirmos.

11 de dezembro de 2007

Tretas e Laretas

Vem o convite do Atordoadas para que crie 5 máximas de treta. Vou tentar. Declaro, no entanto, não me responsabilizar pelos danos que possa vir a causar (tipo "cara feia", "mão a tapar a boca" ou "bocejo").

1 - O Pai Natal este ano não passa por Portugal - foi informado de que teria de pagar imposto de circulação, além de legalizar a matrícula do trenó.
2- O Governo deve ser submetido às novas regras de avaliação - assim como os pais avaliam os professores, deverão os professores avaliar o (des)Governo.
3- Viver em Portugal é como andar numa roda gigante - tem de querer-se muito para que se consiga suportar.
4- O jornalismo é uma forma de arte - ultimamente tem-se assistido a um colorido muito interessante - prova de que as tendências estão a mudar.
5- Às vezes pecamos por falar demais. Vou calar-me agora.

14 de novembro de 2007

Estou aí!

Estou aí! Com a gratidão por todas as palavras de todos os que por cá passam e deixam em sílabas a sua amizade, pelos que poupam as sílabas mas estão aí na vida comigo. Estou aí! E quero sossegar-vos com um "está tudo bem". Tudo o que está menos bem agora, vai ficar bem de certeza. Mas sabe tão bem ter-vos por cá (no blogue e na vida). Estou aí! Optimista, como nunca deixei de ser! Menos louca - mas a idade também me vai convencendo da sua existência (eu é tenho sido teimosa e venço-a sempre). É certo que, às vezes, nos sentimos impotentes, quando queremos ajudar e não podemos. Mas a esperança também tem essa função. E vai correr tudo bem.

Cada passo... uma meta.
Cada olhar... uma esperança.
Cada voz... um auxílio.
Cada abraço... uma força.
Cada mão... uma ponte.
Cada sorriso... uma luz.
Cada amigo... uma meta, uma esperança, um auxílio, uma força, uma ponte, uma luz!

Tenham um bom dia!!!

8 de novembro de 2007



Acordo em cada manhã, muitas vezes irmã de uma noite menos bem dormida, e tento, sempre, olhar a vida como ela é: um bem precioso. Tenho sentido falta da minha "louca" alegria de viver, que esmoreceu, por força de algumas circunstâncias. Mas, penso, que se, por um lado, a vida é cheia de imperfeições e coisas menos boas, por outro, vou me dando conta também de que ela nos propicia a adaptação a novas situações - dia-a-dia aprendemos a (re)viver.

3 de outubro de 2007

Sem título

Mesmo quando sabemos que o sol continua grandioso e os seus raios aquecem e iluminam, deixamos, por momentos, de o conseguir ver. É como se na verdade a luz desse lugar às trevas. A procura do nosso lugar ao sol passa a ser uma tarefa para a qual nos sentimos impotentes, porque é demasiado repentina a tempestade que surge, destrutiva a sua passagem e bastante difícil a restituição das coisas ao seu devido lugar. Mas estou certa de que a determinação, a esperança e o positivismo conduzirão o sol até à posição em que o seu brilho se possa, de novo, avistar.
A vida põe-nos, diariamente, à prova.

12 de setembro de 2007

António Branco

Há pessoas que marcam a nossa passagem de uma forma extraordinariamente poderosa - que fica para sempre na memória. Quem não teve um professor ou uma professora que tenha sido uma influência (boa - hoje só vou falar de boas influências)?
Hoje relembro alguns com carinho e saudade, recordo inclusive frases ou hábitos que marcavam as suas personalidades. Confesso que a ideia de eu o poder ser também na vida de alguém, me dá uma satisfação inefável.
Poderia começar pela infância, passar pela fase da adolescência, e teria certamente muito a contar. Mas vou mais perto no tempo, aos anos de faculdade, só para relembrar com carinho um professor admirável, com a capacidade de tornar todas as aulas tremendamente curtas. Quero deixar toda a minha admiração e agradecimento ao Prof. Dr. António Branco da Universidade do Algarve, pela paixão que dedica ao conhecimento, ao estudo, ao ensino da literatura... é formidável quando um professor transmite tudo isto aos alunos.
Deixo-vos um soneto deste professor que ficará para sempre na minha memória e na memória de muitos alunos que tiveram o privilégio de assistir às suas aulas.
Ira
.
É ira estar aqui e nada ser,
Do mundo querer razão p'ra ser alguém,
Salvar identidades de ninguém,
Na esperança de ganhar um só segundo.
.
É ira estar aqui e ser além,
Entre a velha morte e o novo andar,
Calçar a alma de fundos de mar,
Sofrer a culpa imune desta Sorte.
.
Desmesurada de ostras por abrir,
A ira mais medonha, mais espiga,
Quanto mais o desejo enfurecer.
.
E a calma engana a ira, no dormir.
Mas fica sempre a raiva tão antiga
De nunca estar aqui - e nada ser.
.
António Branco in Fugidia Comunhão

28 de agosto de 2007

Momento


Na magia de um momento intenso,
Na penumbra de um olhar que me invade...
Que o teu barco me recolha quando estou à deriva num mar imenso.
E no desejo de vislumbrar a praia que me espera,
a areia macia,
o bulício das ondas que se espraiam,
a calma do som que o silêncio traz até mim,
Vou alimentando o sonho desse momento mágico...
E as estrelas ditam o encantamento da doçura do que possa ser dito num olhar,
que apenas o ocaso testemunhe.
Aspira a noite à avidez de loucura
na magia desse momento...
Pedindo ao mar a combinação de cores que formem o quadro perfeito.

23 de agosto de 2007

Evan todo-poderoso



"- E como se pode melhorar o mundo?

- Com um acto aleatório de bondade de cada vez."

E, mais uma vez, a Pixar Studios nos presenteia com um filme cheio de animação, imagens extraordinárias, e, como sempre com um ensinamento profundo dado em forma de brincadeira. Neste caso é o de que os nossos pequenos actos de boa vontade podem ajudar a mudar o mundo. É bem verdade, é preciso, no entanto, que cada um se disponha a fazer a sua pequena parte.

Já agora, Deus está mesmo muito bem representado. Optimista, paciente, dotado de um bom humor delicioso de se ver... Adorei o filme, mas sei que sou suspeita a falar, porque devoro tudo quanto é filme para M/6. Aproveitem que o tempo não está tão bom como deveria estar nesta altura do ano e passem uma tarde deliciosa a ver Evan todo-poderoso.

Fiquem bem. Divirtam-se!

26 de julho de 2007

Deslumbrante!!!!!

Há coisas que, de tão deslumbrantes que são, nos deixam sem palavras, perante a sua magnitude, beleza extrema, fascínio que cativa, prende, emociona, enfeitiça... para mim a aurora polar é assim. Que dádiva mais linda!!!!!!! A mãe-natureza no seu melhor!

6 de julho de 2007

Memórias da minha infância



Lembro-me de correr pelos caminhos, despreocupada. Não havia estradas, portanto, o trânsito não era preocupação. Todas as crianças da aldeia (que mesmo todas era um pequeno número, já que a aldeia tinha pouco mais de meia dúzia de casas) se juntavam para brincar. O pai de uma amiga, que era emigrante no Iraque na altura, trouxe uma boneca para ela e uma para mim - nem imaginam a alegria! Foi a minha primeira boneca, o que, suponho, que se deve comparar à emoção de viajar ao espaço, já que eram as primeiras bonecas a chegar à aldeia. A minha amiga, vá-se lá saber porquê, escolheu a boneca mais feia, com as perninhas tortas, e eu, com o olhar fascinado pela outra boneca, vibrei com a a escolha dela. A boneca que me fascinou era para mim!! O turbilhão de emoções que duas bonecas causaram em duas meninas... Um dia chorei por essa boneca, que por força da falta de dinheiro, acabou por ser oferecida a outra menina que fazia anos e também não tinha. A minha irmã pediu tanto... cedi entre lágrimas, mediante a promessa de uma nova. Mas nunca, nessa altura, me passou pela cabeça a alegria dessa outra menina. Só a falta que me fazia a minha boneca nova. Mas depois, o tempo, sempre aliado nestas questões de saudade, ajudou a sentir menos a falta dela, mas nunca a esqueci.
As latas de sardinhas e de atum davam uns carrinhos fantásticos, sabem? Puxados por cordas, com pequenas rodas fabricadas com laranjas ainda muito verdes e pequenas, presas na ponta de paus. Hoje não conseguiria fazer melhor, porque parecia perfeito.
Aos Domingos podíamos jogar à malha, o senhor da loja (que parecia ser dono de tudo, porque tinha a mercearia, onde vendia tanta coisa - aos olhos de uma criança eram mesmo muitas coisas - até tinha cigarros de chocolate!!!) emprestava tão gentilmente as malhas, em ferro pesado que parecia, no entanto, não constituir dificuldade nenhuma. Os Domingos eram fantásticos, também podíamos jogar ao "4 em linha" ou às cartas, no terraço da loja que dava para uma pequena eira onde sabia tão bem brincar.
Quando ainda faltava muito para o Domingo, jogávamos às escondidas, aos países, aos polícias e ladrões ou inventávamos brincadeiras. Mas as ruas da aldeia eram sempre o cenário, ou os campos, com o seu verde, as árvores e as flores na primavera. Ainda hoje recordo o cheiro da primavera, o aroma da terra molhada, os campos lavrados e cultivados, a colheita...
E o rio (pequeno fluxo que água) onde mergulhávamos no verão, na hora em que o calor apertava e os nossos pais recuperavam forças para continuar as duras tarefas do campo?! Aprendi a nadar, perdi o medo, conquistei a água, ali, naquele afluente do Rio Homem, com as águas mais límpidas e puras que se pode imaginar, e frias também, mas isso é o que eu penso hoje, porque na altura, se me perguntassem como estava a água, eu diria sempre "Está tão boa!" porque era isso que eu sentia.
E as recordações da minha infância, em que me sentia rica, porque nada essencial me faltou nunca, povoam-me a memória e fazem-me sorrir a cada pequena lembrança. Como precisei de tão pouco para ser feliz!! Pouco que na verdade foi muito - fui sempre rica na idealização de mundos, nos ensinamentos que recebi como herança de uma mãe que é o meu melhor exemplo de força e determinação, que sempre batalhou para nos dar o que necessitávamos. O meu pai ficava pelas canções, sempre pacífico e atribuindo as tarefas da educação à minha mãe, tocava violino, viola, cavaquinho... Era admirável!!! Todos cantávamos ou tocávamos um instrumento. A vida era uma festa.
Só piorava nos longos e frios invernos, onde era inevitável a falha da luz eléctrica, que me deixava aterrorizada nas horas em que a trovoada teimava em ficar. Aí, a minha mãe rezava e tentava que todos rezássemos, mas mesmo esse momento, para ela tão sagrado, acabava por ser quebrado pelas brincadeiras do meu irmão João, que não resistia a fazê-las e acabávamos por rezar a rir.
Tão doces as recordações. Ficava aqui a escrever as crónicas da minha infância sem me cansar, mas sei, no entanto, que poucos dos meus leitores (sim, são os meus leitores) estarão agora a ler esta última parte. Mas deu-me esta vontade enorme de deixar escrito um pedacinho da minha infância e talvez continue um dia.



12 de junho de 2007


Luar
Noite vã... que me enche o espírito
Acorda o silêncio que me embala
Traz o sonho que me acolhe...
E, no vazio, a melodia que me invade
me fascina.
A neblina misteriosa compõe o meu poema
E a maresia, suavemente, me leva de encontro a ti.
Luar
No meu deserto...
A areia quente emana a loucura.
Alucinação...
Refúgio onde me encontro e te revejo.
Luz
Na solidão de uma longa caminhada
Luar que me embeleza o momento
Me enfeitiça.
Deleito-me com o aroma
que me invade e me leva de encontro a ti.
Luar.

29 de maio de 2007

Rafting




26 de Maio de 2007 - Rafting - Uma experiência alucinante!!



Preparadinhos para as águas do Rio Minho. O grupo foi fantástico.



Momentos tranquilos para apreciar a paisagem e retomar energias para os próximos rápidos...

Aqui siiiiiiiiiiiiiiim!!!Foi demais!
Não deixem de experimentar!!!!!
Obgd ao grupo e aos monitores que foram fantásticos. Um obgd especial para o Mito que nos proporcionou uma descida fantástica, com muita segurança e, muito, mas mesmo muito, divertida!!! É demais!!

21 de maio de 2007

Cores


Quem por cá passa, de certeza que se apercebeu do meu esforço das últimas semanas na tentativa (frustrada) de encontrar a cor certa para este blog.

É bem verdade que as cores estão associadas a determinados estados de espírito. Um dia pensamos numa cor, no dia seguinte, o mais certo é precisarmos de outra. Mas, neste momento, a minha situação é preocupante, porque não encontro a minha cor. As tentativas foram inúmeras e conformei-me a uma escolha que não me satisfaz. Vou continuar a procurar até sentir que encontrei a cor certa, o tom próprio, o colorido que exprima o meu estado de alma.

Neste esforço de encontrar a minha cor percebi que a dificuldade se pode bem dever ao emaranhado de pensamentos, situações, sentimentos, que regem a minha vida. Assim, serão muitas as cores com que tenho de pintar a minha tela e talvez o problema consista em encontrar a sua combinação perfeita.

Boa semana!!! Já agora, cheia de cor!!!

11 de maio de 2007

Um Azul para a Terra

Eu, que pouco entendo de política e que, por isso, me sinto pouco capaz de avaliar justamente o estado da nossa Nação, parece-me apenas que nos falta o azul que os marcianos de José Saramago tanto desejavam. Talvez este país precise mesmo de cor, porque este cinzento que nos envolve está a tornar-se denso e bastante difícil de suportar. Haverá realmente alguém capaz de colorir a nossa Nação?? Recompensa-se com distinção e honra (porque dinheiro é coisa que não há por cá - pelo menos nos sítios onde faz mais falta) quem for capaz de o fazer. Haja um Azul para a Terra!!!!
E agora não resisto a re(publicar) o texto de Saramago.

Um Azul para Marte
"A noite passada fiz uma viagem a Marte. Passei lá dez anos (se a noite dura nos pólos seis meses, não sei por que não hão-de caber dez anos numa noite marciana) e tomei muitas notas a respeito da vida que por lá se faz. Comprometi-me a não divulgar os segredos dos marcianos, mas vou faltar à minha palavra. Sou homem e desejo contribuir, na medida das minhas pequenas forças, para o progresso da humanidade a que me orgulho de pertencer. É muito importante este ponto. E espero, se algum dia me vierem pedir contas dos meus actos, isto é, do perjúrio cometido, que os não sei quantos biliões de homens e mulheres que há na Terra tomem todos a minha defesa.
Em Marte, por exemplo, cada marciano é responsável por todos os marcianos. Não tenho a certeza de ter compreendido bem o que isto quer dizer, mas enquanto lá estive (e foram dez anos, repito), nunca vi um marciano encolher os ombros. (Devo esclarecer que os marcianos não têm ombros, mas o leitor está certamente a perceber a minha ideia). Outra coisa que me agradou em Marte, é que não há guerras. Nunca houve. Não sei como se arranjam nem eles souberam explicar-mo, talvez porque eu não tenha sido capaz de lhes dizer o que é uma guerra, segundo os padrões terrestres. Mesmo quando lhes mostrei dois animais selvagens que lutavam (também os há em Marte), com grandes rugidos e dentadas, continuaram a não perceber. A todas as minhas tentativas de explicação por analogia só respondiam que animais são animais e marcianos são marcianos. Desisti. Foi a única vez que tive dúvidas a respeito da inteligência deles.
Ainda assim, o que mais me desorientou em Marte foi o não saber onde eram os campos e onde eram as cidades. Para um terrestre, digo-vos eu que é uma experiência muito desagradável. Acaba a gente por se habituar, mas leva o seu tempo. Por fim, já não me causava estranheza ver um grande hospital ou um grande museu ou uma grande universidade (os maricanos têm tudo isto, como nós) em lugares para mim inesperados. Ao princípio, quando eu pedia razões, a resposta era para mim sempre a mesma: o hospital, a universidade, o museu estavam ali porque eram ali precisos. Tantas vezes me deram esta resposta, que achei melhor aceitar com naturalidade, por exemplo, a existência de uma escola, com dez professores marcianos, num sítio onde só havia uma criança, também marciana, está claro. Não pude calar, em todo o caso, que me parecia desperdício dez professores para um aluno. Mas nem mesmo então fiquei a ganhar; responderam-me que cada professor ensinava uma matéria diferente, e portanto.
Em Marte gostaram muito de saber que há na Terra sete cores fundamentais de que se podem tirar milhares de tonalidades. Lá só há duas, branco e preto (com todas as gradações intermédias), e eles sempre suspeitaram que haveria mais. Garantiram-me que era a única coisa que lhes faltava para serem completamente felizes. E embora me tivessem feito jurar que não falaria do que por lá vi, desconfio bem que estarão dispostos a trocar todos os segredos de Marte pelo processo de obter um azul.
Quando saí de Marte ninguém veio acompanhar-me à porta. Acho que no fundo não nos dão grande atenção. Vêem-nos de longe o planeta, mas estão muito ocupados com os seus próprios assuntos. Disseram-me que só começarão a pensar em viagens espaciais depois de conhcerem todas as cores. É estranho, não é? Por mim, nesta altura, estou hesitante. Posso levar-lhes um bocado de azul (nesga de céu ou toalha de mar), mas depois? Eles virão certamente por aí abaixo, e eu tenho a impressão de que não vão gostar."JOSÉ SARAMAGO, Deste Mundo e do Outro - Crónicas

5 de maio de 2007

O abismo...
Chego em passos apressados...
Perdi o azul celeste,
Deixei de ter o meu mar.
E, por momentos, o abismo...
Pintei o horizonte em tons de cinzento,
Deixei de ter janela...
A neblina, o silêncio que me enche,
A noite que não desperta para a madrugada,
A ausência de mim...
E, por momentos, o abismo...
A ideia vaga, a escuridão, a invasão
E é o abismo... imenso, imponente, persuasivo.
Um arrepio... sinto a urgência de cores e regresso à luz.
Revejo a minha estrela,
A noite que se apaixona pela aurora,
O éden, as suas telas pintadas de mil cores.
Sinto a fragrância, o cheiro, o doce aroma da tranquilidade
que, freneticamente, se apodera novamente de mim
Para me devolver ao meu mar
Onde me sinto, onde me acho, onde adormeço
desejando que em cada luar eu veja, ao longe, o abismo...

16 de abril de 2007

TRILHOS

Recomeçou a nossa época de trilhos. Começamos este ano pelo trilho de S. Bento. E começamos bem porque nos perdemos logo no primeiro. Mas digo começamos bem porque no momento em que andamos fora do trilho "verdadeiro" encontramos as maiores riquezas paisagísticas. Deixo-vos com algumas fotos do trilho para que vos dê vontade de participar também e apareçam cá pelo nosso magnífico Gerês.

A - Ínicio do trilho em direcção à ponte romana da Seara.

B C D
B - Praia Fluvial da Seara. Um local paradisíaco junto a uma pequena aldeia do concelho (Terras de Bouro)




C e D - riachos com pouco fluxo de água e de uma beleza extrema. Estamos no meio da serra do gerês onde a limpidez das águas nos faz esquecer as marcas da civilização.
Se antes havíamos esquecido as marcas de civilização, aqui, perante esta ausência de verde em muitas das zonas da nossa serra, tomamos consciência da presença humana que, através de mãos criminosas, lá vai deixando, a cada verão, a marca da crueldade, em pleno coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês.



A imponência da altitude!

E nenhum trilho poderia terminar sem o almoço tradicional no "Cantinho do antigamente", onde nos deleitamos perante os sabores regionais (o persigo à Terras de Bouro e o arroz de feijão com posta barrosã, acompanho claro pela broa de milho em fornos a lenha - uma delícia!!!)


Este é o "Cantinho do Antigamente" empresa que pertence à Fundação Calcedónia, onde um projecto de reinserção proporciona a produção e a confecção dos melhores produtos biológicos da região. Não deixem de vir ao Gerês e não deixem de passar pelo "cantinho" ( vale cada caloria! e depois de um trilho de 5 horitas nem chega a ser problema.lol)
E, se no final, ainda estamos com estas carinhas animadas, a tomar um café no Equi'Desafios, é porque é mesmo fantástico!!!
E então, alinham???

26 de março de 2007

Santiago de Compostela






A capital da Galiza é mundialmente famosa pela sua fachada barroca. Mas, de certeza movida pelos livros que li (principalmente de Paulo Coelho), pessoalmente, a ideia de Santiago prende-me pelo misticismo de que está carregado o tão famoso "Caminho de Santiago". Finalmente, neste último final de semana, fui cumprir o meu objectivo (há muito determinado) de visitar a catedral. Impressiona pela sua imponência, pelas características de um estilo que prende a admiração de quem a olha, pelo espaço envolvente, os passeios em pedra, a ausência de trânsito nas pequenas ruas e nas praças amplas. Um espaço que convida, sem dúvida, à oração, à introspecção, ao silêncio...



Deixo-vos algumas das fotos que lá tiramos.



23 de março de 2007

Music and lyrics



Não sou crítica de cinema, nem tão entendida que possa fazer um comentário relevante sobre o filme. No entanto, tenho a minha opinião. O filme não é um grande filme (longe disso, aliás), peca por falta de enredo e um pouco de drama que pudesse dar mais intensidade a uma relação. Já que é uma comédia romântica, também seria desejável reforçar o romance, dar-lhe mais qualque coisa. Mas há muito tempo que eu não me divertia tanto numa sala de cinema. É divertidíssimo!!! Vale como um momento anti-stress. Voltaria a vê-lo.

21 de março de 2007

Um dia cheio de qualidades

21 de Março
Início da Pimavera

Dia Mundial da Floresta! (Dia Mundial da Árvore!)
Dia do Sono!

Dia Internacional contra a Discriminação Racial!

Dia Mundial da poesia!

Dia Universal do Teatro!


Este dia tem tudo para ser o mensageiro de dias tão bons!! A primavera começa da melhor forma, da forma mais poética. Por isso, e cada vez mais, adoro esta estação, as suas cores, os aromas que emanam dos jardins, a alegria estampada nos rostos, o brilho das ruas, as árvores que se vestem do seu melhor verde e as flores que revelam o melhor dos seus momentos e nos enchem o olhar de cores tão diversas e fantásticas, as aves que sobrevoam anunciando a liberdade que a estação lhes permite. E os riachos com todo o seu esplendor exibem a água cristalina que ganha brilho e onde o sol adora repousar os seus raios...
(Por hoje, vamos sonhar que a natureza está assim tão bem tratada e, sempre, a partir de hoje, fazer o que poucas vezes ou nenhumas fazemos, para manter este quadro assim tão perfeito.)
Vivam com alegria os dias de primavera e amem a Natureza!!!


14 de março de 2007

Arte II



Deixo-vos com mais dois quadros, desta vez a pedido de uma amiga muito querida. (Lu, estes são para ti! bj)


"A Ronda da noite" (1642) de Rembrandt



Esta pintura foi realizada para a companhia dos arcabuzeiros, destinada à grande sala do quartel da Guarda Civil. O protagonista da cena - em primeiro plano, vestido de preto - é Frans Banning Cocq (1605-1655), personagem muito conhecida em Amesterdão, a quem foi concedida a honra de comandar uma campanha da Guarda Civil, retratada no quadro.
Vêem-se retratadas 28 personagens, para além das três crianças e de um cão. Reconhece-se a identidade de 18 personagens, enquanto, por outro lado, as figuras refulgentes das meninas em dourado são bastante enigmáticas.
Os contrastes muito fortes de luzes e sombras conferem ao conjunto um carácter extremamente dinâmico, realçado pelo movimento inerente à composição, na qual existe uma série de eixos diagonais.
Fonte: Museu de Rijks, colecção Museus do Mundo
"Rapariga à janela" (1925) de Salvador Dali
Não sendo Dali um dos meus pintores favoritos, aprecio a beleza deste quadro, que se afasta da excentricidade própria do artista. Este quadro é da sua fase inicial.






6 de março de 2007

Arte



As Meninas (1656)de Velasquez

«O Pintor, ligeiramente afastado do quadro, contempla o modelo; talvez se trate de dar um último toque, mas também é possível que ainda não tenha aplicado a primeira pincelada. O braço com que segura o pincel está voltado para a esquerda, na direcção da paleta, e detém-se, um instante entre a tela e as cores.....» Michel Foucault, As Palavras e as Coisas, Portugália Editora, Lisboa, 1966, p. 17.





Venus olhando-se ao espelho (1649-51) também conhecido como The Rokeby Venus de Velasquez. É o único nu feminino que se conhece do famoso pintor espanhol.








A criação de Adão (1508-1512) de Michelangelo

“A Criação de Adão”, painel estupendo com 5,70 m de largura e 2,80 de altura em que é mostrada a criação do primeiro homem, por Deus, através do toque entre os dedos do Criador e de Adão, emociona pela leveza e pela força. O quadro mostra Deus deslizando pelo ar, rodeado por um séqüito de anjos estendendo a mão em direção à figura de Adão, que ainda parece carecer de um sopro de energia. Os pigmentos usados são de uma beleza incomum. Michelangelo demorou três semanas para terminar esse afresco. Quando Júlio II o viu, apontou para a figura que representava Deus e perguntou a Michelangelo: “É assim que você O vê?” A pergunta deixa a impressão que o papa pensava: “Se ele O vê assim, Ele deve ser assim”. “A criação de Adão” é talvez, a figura mais reproduzida de todos os tempos. É difícil encontrar alguém que ainda não tenha visto o célebre desenho dos dois dedos prestes a se tocar. Um esboço da figura de Adão, num pedaço de papel de 19 x 26 cm foi preservado. (excerto retirado de Portal Itália)

21 de fevereiro de 2007

Fragilidade


... e como me sinto inevitavelmente desamparada perante a fragilidade da vida humana...

6 de fevereiro de 2007

Gratidão



Em cada madrugada...
Grata pela luz de mais um dia,
pelas cores que adornam os caminhos por onde vou,
pelos aromas que me invadem
e me enchem a alma de recordações,
pela aragem que me desperta os sentidos,
pela presença, pela plenitude, pela vontade
de caminhar por novas veredas,
por todos os lugares que encontro
e onde me sinto eu...

Grata pelas quedas que me ensinam,
pelas mãos que me apoiam,
por aquelas que necessitam de mim,
pelos sorrisos que partilho
e os sentimentos que me enchem os dias.
Enfim, grata pela vida!

23 de janeiro de 2007

Na vida...


Há muitas coisas na vida que te conquistam o olhar, mas poucas que te conquistam o coração. São estas últimas que deves perseguir.

funny